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A SIMCA DO BRASIL

 

No dia 05 de maio de 1958 foi fundada em Belo Horizonte, MG, com filiais no Rio de Janeiro e São Bernardo do Campo, SP, a Sociedade Anônima Industrial de Motores, Caminhões e Automóveis, a SIMCA DO BRASIL.

 

A vinda da empresa francesa para o Brasil foi resultado direto do plano de metas do governo Juscelino Kubitschek, no qual delegações de membros do governo e empresários foram ao exterior em busca de multinacionais interessadas em produzir automóveis no Brasil.

 

Conseguindo inicialmente levar a administração da Simca, foram tentadoras as propostas do governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, para atrair também a sua fábrica. O estado ofereceu isenção de impostos e uma área de 2.300.000 m² no município de Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte/MG. As obras de terraplenagem e fundação chegaram a ter início cobrindo uma área de 60.000 m2.

 

A Revista Simca de setembro de 1960 noticiou a importação de máquinas para a fábrica de São Bernardo, “em prosseguimento nos trabalhos preparatórios para a transferência das instalações para Minas Gerais”.

 

Já a Revista Quatro Rodas de janeiro de 1961 deu notícia de que a Simca, tendo concluído os serviços de terraplenagem, estruturas básicas e galerias de escoamento de água em São Bernardo, pretendia ativar as obras de sua nova fábrica em Belo Horizonte, prevendo-se a sua conclusão definitiva para meados de 1962.

 

Mas por motivos de ordem econômica, estratégica e geográfica a empresa não se deixou seduzir pela proposta mineira.

 

Dos 980 fornecedores de autopeças da Simca três se encontravam no Rio Grande do Sul, um no Rio de Janeiro e em Minas Gerais havia apenas a fundição dos virabrequins perto de Ouro Preto.

 

Os outros 975 fornecedores estavam no estado de São Paulo, onde também havia a proximidade do porto de Santos através do qual chegavam os componentes importados utilizados nos veículos nacionais e deixariam o país os componentes a serem exportados para a França. Ali também se encontrava, em conjunto com a região sul, o mercado consumidor mais denso do país.

 

É bom lembrar que os interurbanos naquela época eram feitos apenas com auxílio de telefonistas. Frequentemente não se conseguia falar no mesmo dia em que era solicitada uma ligação telefônica do escritório central em Belo Horizonte para a fábrica em São Bernardo do Campo. Até mesmo da fábrica para São Paulo era difícil completar as ligações.

Desta forma a Simca seguiu a lógica e manteve a fábrica exclusivamente em São Paulo, mais exatamente no Km 23 da Via Anchieta, em São Bernardo do Campo, onde foi centralizada a sua administração. O escritório em Belo Horizonte foi desativado.

 

A Simca foi a primeira fábrica de automóveis grandes de passeio de São Bernardo do Campo. O seu telefone era 43-1633, a Caixa Postal tinha o número 6224. Em meados de 1964 foi inaugurado um aparelho de telex que permitia transmissão de 400 caracteres por minuto à velocidade de 300.000 quilômetros por segundo. O endereço telegráfico era SIMCABRASIL, o telex SIMCAPR 3510120.

 

O primeiro Chambord foi lançado em março de 1959. No início foram muitas as dificuldades enfrentadas pelos pioneiros, destacando-se as deficiências da mão de obra especializada e da incipiente indústria de autopeças nacional, além das pressões por parte do GEIA.

 

Para se ter uma ideia dos primeiros obstáculos encontrados, dos primeiros 100 blocos de motor 98 foram recusados pelo controle de qualidade. Por outro lado, simplesmente não havia no país tecnologia para fabricação do tubo interno do amortecedor dianteiro.

 

Quanto ao GEIA – Grupo Executivo da Indústria Automobilística, era o órgão criado pelo Governo Federal para fomentar a indústria nacional de automóveis. Segundo suas metas, as fábricas deveriam apresentar um rigoroso plano progressivo de desenvolvimento industrial e índice de nacionalização dos automóveis que foi rígidamente fiscalizado. Chegou-se ao ponto de cogitar da paralisação das atividades da Simca, mas em 1960 a matriz francesa decidiu enviar para o Brasil o experiente engenheiro Jack Jean Pasteur, cuja chegada foi decisiva para a Simca avançar em termos de produção, nacionalização, organização e qualidade, obtendo então condições para se firmar no cenário automobilístico nacional.

 

O Chambord foi o veículo básico da linha Simca brasileira, dele foram derivados todos os outros lançamentos da empresa: o Présidence, o Rallye, a Jangada, o Alvorada/Profissional, o Esplanada e o Regente. Quando da sua fundação, a Simca tinha uma capacidade de produção anual estimada em 6.000 veículos em um turno de 10.500 veículos em dois turnos. O número total foi de 50.833 automóveis saídos da linha de produção com a marca Simca.

 

O capital registrado no momento da fundação da empresa (05/05/58) era de Cr$ 900.000.000,00. Em abril de 1961 o capital chegou a um bilhão e seiscentos milhões de cruzeiros, em 31/12/63 o seu valor alcançou dois bilhões de cruzeiros.

 

Em seu apogeu (1964/1965) a Simca chegou a ter 2.300 empregados. Em 31/12/59 eram apenas 480, em 30/06/60 eram 540 e em 31/12/60 o número de empregados chegou a 950. Em 1966 o seu número estava perto de 1.700.

 

Enquanto a sua administração estava em Belo Horizonte, a Simca teve como primeiro Diretor-Geral o sr. Paulo Macedo Gontijo, que deixou o cargo quando ocorreu a centralização em São Bernardo, SP. Coube a ele entregar o Chambord n° 1 ao presidente da República, Juscelino Kubistchek, no Palácio do Catete, Rio de Janeiro. Ao volante, com o sr. Paulo Macedo ao seu lado, o Presidente Juscelino deu uma volta pelos jardins do palácio.

 

Definitivamente fixada em São Bernardo, a Simca passou a ter um novo Diretor-Geral, o engenheiro francês Jack Jean Pasteur, ao passo que o Dr. Sebastião Dayrell de Lima passou a ocupar o posto de Diretor-Presidente. O sr. Paul de Rosen foi o Diretor Comercial, enquanto o Dr. Francisco João Bocayuva Catão ocupou o posto de diretor. O conselho fiscal era composto por Pedro di perna, Paulo Augusto de Lima, Antônio de Pádua Rocha Diniz e Bernardo Cândido Mascarenhas.

 

Em 1965 já circulavam rumores de que a Chrysler norte-americana estaria interessada em adquirir o controle acionário da Simca na França e no Brasil, o que aqui acabou se concretizando oficialmente no segundo semestre de 1966.

 

Após mandar veículos para rigorosos testes em sua sede de Detroit, a Chrysler introduziu modificações no acabamento e na mecânica dentro dos seus padrões de qualidade.

 

O processo de adaptação aos novos padrões levou algum tempo e, assim, apenas em meados de agosto de 1967 a Chrysler assumiu oficialmente a situação e colocou o seu nome tanto nas peças publicitárias como na fábrica. O Esplanada e o Regente já lançados pela Simca passaram a sair da linha de produção com uma pequena plaqueta colocada em sua traseira trazendo a inscrição “Produzido pela Chrysler”, o que decretou o fim da Simca do Brasil.

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